Ler a Bíblia deve ser uma ação constante na vida do cristão, e, se, esse cristão é um ministro da Palavra de Deus, a leitura deve ser encarada como obrigatória. Pois dali, ele irá tirar seus sermões e até conselhos para suas ovelhas.
O pregador da Palavras, deve, constantemente, adequar seus sermões ao que a Bíblia preceitua e não o contrário. Ele jamais deve adequar a Bíblia Sagrada às suas pregações, aos seus intentos, aos seus objetivos. Pois, agindo assim, mostrará falta de conhecimento e convivência espiritual.
Um belo dia desses, fui à Igreja, sentei-me, ouvi alguns hinos, e me preparei para degustar da palavra que seria pregada.
O Pastor daquela noite começou sua preleção. Microfone preparado, púlpito preparado, terno impecável, sorriso na cara e seu notebook em mãos. Seria uma pregação sobre a mania de, em tudo, o cristão inserir desculpas. Das muitas coisas que disse, soltou uma pérola (resolvi intitular assim) que me deixou com uma pulga atrás da orelha. Ele, usando a passagem de João 5, onde é relatado a história, pequena história, de um homem que era doente há 38 anos de sua vida e sua luta incessante pela cura.
Onde ele, e outros tantos jaziam, próximos a um tanque (Betesda), de tempo em tempo, um Anjo do Senhor descia e provocava um revolver nas águas daquele tanque. O primeiro dos enfermos, que ali se encontravam, que conseguia ali descer, se jogar de corpo, alma, espírito e coração, obtinha a cura de toda e qualquer enfermidade que fosse possuidora de seu ser. O homem ao qual me referi, e que consta nos assentamentos bíblicos, por sua doença, nunca, em todo o tempo do revoar das águas, conseguiu chegar nem perto, nem no respingar do mergulho desesperado de outrem.
Passando Cristo por lá, pois fora participar de uma festa tradicional em Jerusalém, vendo esse homem e sendo conhecedor de seu penar, aproximou-se dele e indagou-lhe: "Queres ficar são?". O homem, talvez com lágrimas nos olhos e a desesperança no peito, diz a Cristo de suas dificuldades de movimentação, da sua falta de forças e da falta de companheirismo de muitos ali, da busca egoística e até justificável pela cura. E deixa claro que perseguia a cura, mas já não via como alcançá-la. Cristo, conhecendo o coração daquele homem e seu desejo sadio e sincero pela cura diz-lhe: "Levanta-te, toma o teu leito, e anda.". Prontamente, após trinta e oito intermináveis anos de busca pela cura, de anos de pisoteamentos, de anos de perseverança, de lágrimas derramadas e dores sentidas, o homem se põe de pé, com forças em seus membros, toma seu leito e vai para casa curado.
A fé, a perseverança, a sinceridade de alma e o Amor de Cristo foram suficientes para a cura e libertação daquele ser.
Na pregação daquela noite, se acaso o Pastor tivesse se adequado à Palavra de Deus, se tivesse adequado sua pregação ao que constava na Bíblia Sagrada, não teria dito a asneira que disse. Em sua pregação, ele, o pastor, deixou claro sua revolta com as reclamações daquele ser enfermo; deixou claro sua revolta por ser aquele doente um desagradável inventor de desculpas. Disse que quando Cristo se aproximou dele, de pronto começou com desculpas esfarrapadas para justificar sua doença (esse pastor não leu a Bíblia, pelo menos a que sempre leio).
Se o pregador da noite tivesse adequado sua pregação às Escrituras Sagradas, não teria dito tanta besteira. E, ainda, creio que se Cristo, ao aproximar-se desse enfermo, tivesse ouvido desculpas esfarrapadas do ser doente, teria-lhe chamado a atenção e mandado-lhe calar a boca e ter mais fé e, ainda, piorado sua enfermidade.
O sensacionalismo, juntamente com a falta de conhecimento, traz ensinamentos vãos e tolos. E, no que diz respeito às Escrituras Sagradas, não conhecê-la, pode causar danos irreversíveis à fé cristã.
No Único!
